sábado, 21 de maio de 2011

O MUNDO DO TRABALHO NA SOCIEDADE ROMANA

Roma Antiga
Assim como na Grécia, em Roma a escravidão foi praticada por vários séculos. Na Península Itálica, no final do século III a.C., havia grandes massas de escravos, mas foi a partir do século I a.C. que generalizou- se a escravidão. A escravidão provinha principalmente dos prisioneiros de guerras, resultado das conquistas realizadas por Roma a partir de meados do século
III a.C., como as Guerra Púnicas (Roma contra Cartago).
Os romanos diferenciavam os escravos de acordo com o trabalho que realizavam. Os escravos destinados ao trabalho no campo integravam à família rústica, pesava sobre eles severa disciplina, submetidos às ordens do vilicus (feitor, arrendatário). No ano 160 a.C., Marcus Porcius Cato, também chamado de Catão, o Velho (243-143 a.C.), recomendava que sobrecarregasse os escravos com os serviços, sem importar-se com o tempo ou dias de feriado, pois a produção agrícola constituía-se na base econômica da sociedade romana. Nas cidades romanas, os escravos pertencentes aos ricos senadores ou plebeus faziam parte da “família urbana”, dependendo diretamente dos seus senhores ou de outros escravos. Esses escravos desempenhavam serviços domésticos e profissionais, como: arquitetos, músicos e gramáticos. Os escravos também desenvolviam serviços como: nas pedreiras, fábricas de tijolos e nos moinhos. Sendo assim, os romanos distinguiam os escravos entre especializados em determinados ofícios e os escravos de serviços mais penosos. Merecem destaque alguns aspectos do direito romano, em relação à condição dos escravos. Estes não tinham direito de contrair matrimônio legítimo, a união entre escravo e escrava era o contubernium, ou seja, não reconhecida legalmente. Os filhos de escravos pertenciam ao senhor. Portanto, os escravos eram vistos como “coisa”, ou um instrumento – instrumentum vocale, um grau acima do gado, considerados instrumentum semi- vocale –, isto é, propriedades de um senhor.
O escravo romano podia adquirir sua liberdade pela concessão de seu dono, vontade do príncipe ou pelo benefício da lei, como no caso da venda de um escravo com a cláusula de ser manumitido (liberto) em determinado prazo, quando vencido esse prazo, o escravo estava livre.

Filosofia e escravidão
Por volta dos séculos VI e V a.C., a filosofia teve início na Grécia. Esta dimensão do conhecimento humano possui grande importância para a sociedade contemporânea, pois tem contribuído na discussão de temas relacionados à política, à ética, à moral, à liberdade e outros. O conhecimento da filosofia só foi possível para os cidadãos gregos porque possuíram tempo reservado para dedicarem-se a reflexão, a cidadania e ao governo. Enquanto os escravos realizavam atividades não reflexivas, de transformação da natureza, consideradas inferiores pela sociedade grega. Portanto, a diferença social entre os homens era considerada “natural”, não havia, para os gregos, contradição entre a divisão do trabalho manual e intelectual, sendo assim, o comando de uma parte e a obediência de outra.
Na época de Aristóteles (século IV a.C.), discutia-se que havia homens feitos para liberdade e outros para a escravidão, isto significava que, todo aquele que não tinha nada de melhor para oferecer do que o uso de seu corpo e a força física, estavam condenados à escravidão por natureza.


ATIVIDADES

Leia os documentos que contém fragmentos produzidos pelos filósofos Aristóteles (Grécia) e Sêneca (4 a.C.- 65 d.C.) (Roma) e analise como eles pensavam sobre a escravidão.

Documento 4
Os instrumentos podem ser animados ou inanimados, por exemplo: o timão do piloto e inanimado, o vigia e animado (pois o subordinado faz as vezes de instrumento nas artes). Assim também os bens que se possui são um instrumento para a vida, a propriedade, em geral, uma multidão de instrumentos, o escravo um bem animado e algo assim como o instrumento prévio aos outros instrumentos. Se todos os instrumentos pudessem cumprir seu dever obedecendo as ordens de outro ou antecipando-se a elas, como contam das estatuas de Décalo ou dos tridentes de Hefesto, dos que diz o poeta que entravam por si só na assembleia dos deuses, se as lançadeiras tecessem sós e os plectos tocassem sozinhos a citara, os maestros não necessitariam de ajuda, nem de escravos os amos.
O que é chamado habitualmente de instrumento, o e de produção, enquanto que os bens são instrumentos de ação; a lançadeira produz algo a parte de seu funcionamento, enquanto que a roupa ou o leito produzem apenas seu uso. Alem disso, como a produção e a ação diferem essencialmente e ambas necessitam de instrumentos, estes apresentam necessariamente as mesmas diferenças. A vida e ação, não produção, e por isso o escravo e um subordinado para a ação. Do termo propriedade pode-se falar no mesmo sentido que se fala de parte: a parte não somente e parte de outra coisa, senão que pertence totalmente a esta, assim como a propriedade. Por isso o amo não e do escravo outra coisa que amo, porém não lhe pertence, enquanto que o escravo não só e escravo do amo, como lhe pertence por completo.
Daqui deduz-se claramente qual e a natureza e a função do escravo: aquele que, por natureza, não pertence a si mesmo, senão a outro, sendo homem, esse e naturalmente escravo; e coisa de outro, aquele homem que, a despeito da sua condição de homem, e uma propriedade e uma propriedade sendo, de outra, apenas instrumento de ação, bem distinta do proprietário.

Documento 5
E louvável mandar em seus escravos com moderação. Mesmo no que diz respeito as nossas posses humanas, cumpre perguntar-se constantemente, não apenas tudo aquilo que podemos fazê-los sofrer sem sermos punidos, mas também o que permite a natureza da equidade e de bem, a qual ordena poupar mesmo os cativos e aqueles que se compra com dinheiro. Quando se trata de homens livres de nascença, honrados, e mais justo tratá-los não como material humano, mas como pessoas que estão sob tua autoridade e que te foram confiadas, não como escravos, mas como pupilos. Aos escravos, é permitido refugiarem-se junto a uma estátua. Embora tudo seja permitido para com um escravo, existem coisas que não podem ser autorizadas em nome do direito comum dos seres animados. Quem podia ter para com Vedio Polio um ódio maior que seus escravos? Ele engordava moréias com sangue humano e mandava jogar quem o ofendia num lugar que não era senão um viveiro de serpentes.
(SÊNECA apud PINSKY, 2000, p.12).


ATIVIDADE
a) Depois de analisar os documentos 4 e 5 sobre como os filósofos pensavam a escravidao, indique as permanências e as mudanças em relação aos respectivos contextos sócio-históricos da produção dos mesmos.
b) Faca um quadro comparativo, caracterizando o trabalho para os gregos e romanos. Depois discuta em equipe e apresente para a classe suas conclusões.
c) Depois da apresentação deste quadro comparativo, construa uma narrativa histórica levando em conta as especificidades das relações de trabalho na Grécia e em Roma.

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