domingo, 13 de fevereiro de 2011

PENSANDO A BELEZA

Na Idade Média
A visão grega sobre o corpo humano muda na Europa da Idade Média. A partir do século X, quando as invasões bárbaras terminaram,  a Europa começou a se reorganizar politicamente e o cristianismo se tornou um dos elementos importantes dessa cultura. O corpo humano, nesse período, é associado ao mundo material, aos valores terrenos e é desprezado em relação aos valores espirituais. A força dos valores morais propagados pelo cristianismo, via Igreja Católica principalmente, privilegiam a fé, a religiosidade e a espiritualidade. O corpo é visto como o oposto da busca do divino, do eterno, uma vez que ele se torna símbolo do pecado, da tentação e do erro. Ainda desse período, e como exemplo desse privilégio do espiritual sobre o físico, pode-se notar a valorização do sofrimento, do martírio, do sacrifício do corpo, como forma de elevação espiritual. Nas muitas obras de arte medievais é possível verificar essa desconsideração pelas formas corporais quando percebemos as figuras humanas desenhadas de forma retilínea ou com formas triangulares, apontando para as alturas, numa referência ao céu, ao paraíso celeste.

 ATIVIDADE
1- Compare as preocupações em relação à forma, aos conteúdos, às técnicas utilizadas e aos objetivos
para os quais as obras se destinavam, entre os gregos e os medievais.
2. Analise a arte como uma forma de educação moral e espiritual. Ela tem obrigatoriamente essas funções? Justifique.

No Renascimento
No Renascimento, movimento cultural ocorrido na Europa, a partir do século XV, os corpos são pintados retomando os ideais da antigüidade grega e romana. O corpo é representado com o objetivo de expressar
a unidade entre o físico e o espiritual, numa referência à celebração da vida dionisíaca, que remete ao mito grego de Dionísio, o qual buscava o prazer na alegria, na embriagues do vinho e na força dos desejos. A beleza era vista como imitação da natureza, da realidade concreta, como representação do espiritual, do divino, na preocupação de encontrar a perfeita forma, a proporção e a harmonia.
Os estudos de Leonardo da Vinci sobre o corpo nessa época, por outro lado, se apresentavam como pesquisas científicas no sentido de compreender a estrutura harmônica do corpo. Essas pesquisas forneceram a Leonardo o conhecimento sobre detalhes anatômicos do corpo e que influenciaram na criação de suas obras de arte. A partir da Idade Moderna, a visão científica, matemática e geométrica da natureza se desenvolve e também se estende ao corpo. Este torna-se objeto de pesquisas e passa a ser entendido como uma máquina que pode ser consertada, melhorada e, a partir desse conhecimento, elaboram-se discursos e práticas de controle e poder. As formas de controle e poder em torno do corpo visam a responder objetivos econômicos, sociais e morais, de contenção dos impulsos e instintos, de cura de enfermidades, para fins de produção, como no caso do sistema capitalista, onde os corpos são vistos como forças que devem ser preparadas e treinadas para o trabalho nas grandes indústrias. Ou ainda o corpo, que desde os suplícios e espetáculos punitivos medievais, e muito mais com o advento das prisões
(ou mesmo nas indústrias e escolas) a partir do final do século XVIII, se torna objeto de controle político, pelo qual se mantém a ordem social e a dinâmica de dominação, como afirma o pensador francês contemporâneo Michel Foucault (1926-1985) “(...) o corpo é investido por relações de poder e de dominação; mas em compensação sua constituição como força de trabalho só é possível se ele está preso num sistema de sujeição (onde a necessidade é também um instrumento político cuidadosamente organizado, calculado e utilizado); o corpo só se torna força útil se é ao mesmo tempo corpo produtivo e corpo submisso”. (FOUCAULT, 1995, p. 28)

Responda as questões abaixo.
1. Como são as formas de controle e poder sobre o corpo na sociedade capitalista?
2. Compare a visão renascentista com a visão moderna sobre o corpo.
Apresente as conclusões à turma.

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