domingo, 19 de março de 2017


CONSELHOS DE SÓCRATES PARA PLENIFICAR NOSSA EXISTÊNCIA

Na Grécia Antiga, o grande pensador Sócrates, de forma muito simples, sem ser simplória, costumava inquirir seus interlocutores acerca de questões complexas e de suma importância para a condução da  existência humana. Sua preocupação era conduzir as pessoas às veredas das reflexões sobre a natureza e o sentido da vida, objetivando contribuir para o entendimento de atributos importantes como virtudes, vícios, bem, mal, riqueza, pobreza, etc. Tudo isso com o intuito de ajudar na formação do homem em sua integralidade. Ao fazer uso das indagações (maiêutica), como era sua prática,  o filósofo buscava colocar o interlocutor diante do desafio de buscar a essência daquilo que cultuam como verdade, afim de alcançar o entendimento sobre os pressupostos que alicerçam sua vida. Para isso ele lançou mão de uma arma poderosa que é a arte de desenvolver perguntas pertinentes e profundas com a intenção de se atingir o cerne das questões, por mais simples que elas pudessem parecer.

A sociedade atual, marcada pelo imediatismo e pela superficialidade, nos impele a retornar aos ensinamentos do velho mestre, sobretudo porque nos encontramos diante do grande desafio de conferir um significado à nossa existência.  Nesse retorno convém citar o exemplo que Sócrates utiliza, tendo como referência a profissão do seu pai Sofronisco, o qual exercia o ofício de escultor. Em sua analogia entre o  ofício desenvolvido por seu pai e aquilo que a existência  espera de cada um de nós, Sócrates afirma que antes mesmo de começar a trabalhar na pedra bruta, o escultor já possui uma ideia da peça que ele irá construir. Isso se torna possível porque a habilidade artística do escultor, associada à sua sensibilidade, o capacita a ver o que está além da aparência bruta da matéria em si, vislumbrando nela aquilo que ela possui como potencialidade. Da mesma forma,  cada ser humano nasce repleto de potencialidades, sendo que sua principal função existencial é atuar de forma reflexiva,  afim de atuar no sentido de possibilitar  todas as condições para que elas se plenifiquem.



Princípios básicos:

1-    Lembrar sempre que somos os principais responsáveis pelo projeto que criamos a respeito de nós mesmos, sabendo que se não temos projetos bem definidos também não saberemos que ações podem ser desenvolvidas a nosso favor. Conforme nos alerta o filósofo romano Sêneca, “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde deseja ir.”



2-    Pautar nossas ações pela busca constante da verdade e da prática virtuosa que brota da ação reflexiva. Conforme o próprio Sócrates afirmava, “uma vida sem reflexão não merece ser vivida.



3-    Olhar para si mesmo como alguém que está repleto de potencialidades e, como tal, merecedor de alcançar o pleno desenvolvimento e todos os benefícios que ele poderá nos trazer.



4-    Ter clareza de que a maioria daquilo que impede o indivíduo de alcançar o pleno desenvolvimento está dentro dele mesmo. Daí o cuidado que precisamos ter para não desenvolvermos ações de auto sabotagem.



5-    Investir  com cuidado e honestidade no autoconhecimento, afim de descobrirmos quais são nossos pontos fortes e também os pontos fracos, afim de podermos nos amparar em nossas virtudes e desenvolver atitudes para neutralizar ou minimizar os efeitos destrutivos dos vícios.



6-    Conscientizar-se de que não existe nada de construtivo em construir e alimentar uma imagem irreal acerca de nós mesmos. Conforme canta Renato Russo em uma das suas músicas “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.



7-    Lembrar-se de que não adianta passar verniz em madeira podre. Ou seja, uma vez constatado qualquer elemento em nós que pode nos impedir de atingirmos nossa plenitude existencial, é necessário agir para neutralizar esse elemento. Disfarçar só fará com que tenhamos uma aparência de normalidade sem que nenhuma ação efetiva tenha sido tomada para resolver de fato a questão.



8-    Entender que diante dos vários desafios que a vida cotidianamente nos coloca, a mente tende sempre escolher a melhor alternativa que possui à disposição. Daí a importância de tornarmos a ação filosófica um hábito, com o intuito de oferecer à nossa mente a acessibilidade e conteúdos necessários para que nossas soluções possam ser as melhores possíveis.


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