segunda-feira, 12 de julho de 2010

RELAÇÕES HUMANAS E ÉTICA PROFISSIONAL

INTERAÇÃO SOCIAL

Interação social é a troca de ideias, sentimentos ou ações entre pessoas ou entre grupos. Para que a interação social se processe, é necessário que haja contato social e influência recíproca entre os elementos.

As pessoas distinguem-se uma das outras quanto ao nível cultural, e tendências políticas, religiosas, desportivas e sociais, enfim, têm personalidades diferentes.

Os relacionamentos diversificam-se de acordo com os elementos envolvidos. A capacidade de tolerar os conflitos, as frustrações e as ansiedades varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com sua estabilidade interna.

Vejamos estes conceitos:

Conflito: disputa entre indivíduos na qual um quer alcançar a posição do outro ou algo que não dá para todos.

• Frustração: sentimento que surge quando não se alcança algo que se deseja ou luta.

Ansiedade: expectativa muito grande em relação a algo que se quer alcançar.

As pessoas convivem em grupos sociais variados ao longo das suas vidas e, em cada um deles, estabelecem relacionamentos diferentes.

Dentro de um grupo social, formam-se laços de amizade, de simpatia ou mesmo de antipatia que podem unir ou desunir o grupo. Esses laços existem por motivos psicológicos (simpatia, antipatia, amizade) ou sociais (atividades realizadas em comum) e vão determinar a forma de interação social do grupo.

São três as formas de interação social: a cooperação, a oposição e o ajustamento, cada qual com subdivisões.

COOPERAÇÃO

Cooperação é uma forma de interação na qual diferentes pessoas ou grupos trabalham juntos para um fim comum. A definição de cooperação coincide com o conceito de grupo social. É o tipo de interação social desejável em um grupo, pois é a maneira de se garantir a união, a sobrevivência e o progresso dos grupos sociais. Não se pode falar em relações humanas de qualidade sem cooperação entre as pessoas.

Há vários tipos de cooperação, conforme seja mais ou menos intensa a colaboração entre os elementos. São eles: entendimento ou acordo, auxílio mútuo, ação conjunta e divisão de trabalho.

Entendimento ou acordo

O entendimento ou acordo se dá quando, em situações de desunião social, fazem-se certas concessões de cooperação, isto é, quando alguém cede em algum ponto. Por exemplo: a proibição de bombardear ambulâncias e hospitais da Cruz Vermelha durante guerras é aceita por todos os países e, normalmente, é respeitada pelas nações envolvidas em disputas.

Auxílio mútuo

O auxílio mútuo é a forma de cooperação que ocorre quando indivíduos ou grupos prestam serviços a outros, espontaneamente, por livre vontade. Por exemplo: emprestar uma caneta a um colega, dar roupas e alimentos a uma população flagelada.

Lembre-se de que a principal característica do auxílio mútuo é a prestação de serviços ou ajuda dada espontaneamente.

Ação conjunta

A ação conjunta já é uma forma de cooperação mais intensa do que o entendimento e o auxílio mútuo. Consiste no agrupamento de pessoas para realizar tarefas da mesma natureza, normalmente, de maneira voluntária e planejada. Por exemplo: a formação de um mutirão para limpar o terreno baldio da rua, a formação de um grupo de estudos.

Divisão de trabalho

Finalmente o tipo mais complexo e enriquecedor de cooperação é a divisão de trabalho. Cada indivíduo ou grupo realiza um trabalho diferente para a concretização de um objetivo comum. É o tipo de relação que normalmente se estabelece na família e no trabalho, em que cada indivíduo é responsável por uma tarefa diferente, o que leva a uma relação de dependência entre todos os integrantes do grupo. Por exemplo: o setor de manutenção de móveis e imóveis da Prefeitura de Asa Branca tem um objetivo que é manter os móveis e imóveis em perfeito estado de conservação e uso. Para atingir este objetivo comum, os funcionários do setor executam atividades diversas.

OPOSIÇÃO

Indica o ato de opor-se a alguma coisa, assumir uma atitude contrária. É uma forma de interação na qual, ao invés de haver harmonia entre os indivíduos, ocorrem fatores de desunião.

Há dois tipos básicos de oposição:

Competição

A competição como forma de interação social também significa lutar para alcançar bens escassos, raros. Não se trata sempre de uma luta física, mas de um esforço do indivíduo para alcançar bens que podem ser materiais (alimentos, próprios, moradias) ou imateriais (emprego, prestígio, afeto).

A competição nem sempre tem uma aspecto negativo no grupo. Ela pode ser positiva quando estimula o desempenho de um indivíduo ou de um grupo e o faz progredir, dentro das normas fixadas pelo costume, pela tradição ou pelas leis. Por exemplo: os funcionários do setor de embalagens da fábrica de bombons está trabalhando muito devagar. O encarregado da seção decide dar um prêmio ao funcionário que fizer o maior número de embalagens a cada semana. Como todos estão interessados em ganhar o prêmio, passarão a trabalhar com maior rapidez para aumentar a produção. Esta competição estabelecida pelo chefe do setor de embalagens da fábrica de bombons é positiva, porque estimula o desempenho do grupo.

Suponhamos, agora, que a funcionária Julieta, desejando ganhar o prêmio a qualquer custo passe a prejudicar o trabalho dos outros apossando-se de embalagens feitas, danificando máquinas, derrubando pacotes, etc. Neste caso passa a haver uma rivalidade.

Conflito

O conflito é a disputa de um indivíduo ou grupo para obter a posição social (o statusquo) de outros. O conflito visa a eliminação ou aniquilamento do rival e manifesta-se como luta física (o duelo, as revelações, as guerras) ou como luta psicológica (a guerra de nervos e, as amenas, a difamação).

ESTRATÉGIAS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS

O conflito é uma realidade do dia-a-dia de uma pessoa. Em casa ou no lugar de trabalho, as necessidades e os valores da pessoa entram constantemente em choque com os das outras pessoas. conflitos relativamente pequenos e fáceis de vencer. Outros são maiores, e requerem uma estratégia para uma solução satisfatória, do contrário eles criam tensões constantes e inimizades em casa ou no trabalho.

A habilidade em solucionar satisfatoriamente os conflitos é provavelmente uma das mais importantes que uma pessoa pode possuir do ponto de vista social. Além disso poucas oportunidades formais em nossa sociedade que a ensinam.

Assim como qualquer outra habilidade humana, a solução de conflitos pode ser ensinada. Como outra habilidade, ela consiste numa infinidade de sub-habilidades, cada uma separadas e mesmo assim interdependente. Estas habilidades precisam ser assimiladas, tanto no nível cognitivo como no nível comportamental.

As crianças solucionam seus conflitos através de suas estratégias próprias. Embora estas estratégias nem sempre solucionem satisfatoriamente seus conflitos, mesmo assim elas continuam a usá-las na falta de mais esclarecimentos acerca de outras alternativas.

A solução dos conflitos pode ocorrer mediante três estratégias: evitando-se, adiando-os e confrontando-os.

Evitar e confrontar são estratégias diametralmente opostas.

Há pessoas que procuram evitar situações conflitantes e outras que procuram fugir de certos tipos de conflitos. Tais pessoas tentam reprimir reações emocionais, procurando outros caminhos, ou mesmo abandonando inteiramente a situação. Isso ocorre porque ou as pessoas não sabem enfrentar satisfatoriamente tais situações, ou porque não possuem habilidades para negociá-las satisfatoriamente.

Embora as estratégias de evitar tenham um certo valor nas ocasiões em que a fuga é possível, ela geralmente não fornecem ao indivíduo um alto nível de satisfação. Elas tendem a deixar dúvidas e medos acerca do encontro do mesmo tipo de situação no futuro e a respeito de valores como coragem e persistência.

A tática consiste essencialmente numa ação de protelação, em que a situação se resfria, ao menos temporariamente, o assunto permanece não muito claro, e uma tentativa de conforto é improvável.

Assim como no caso anterior, a estratégia do adiamento resulta em sentimentos de insatisfação e insegurança acerca do futuro, o que preocupa a própria pessoa.

A terceira estratégia envolve um confronto com as situações e pessoas em conflito. Este confronto pode, por sua vez, subdividir-se em estratégias de poder e de negociação. As estratégias de poder incluem o uso da força física e outras punições. Tais táticas são muitas vezes eficientes. Geralmente há um vencedor e um vencido.

Infelizmente para o vencido, o conflito muitas vezes recomeça. Hostilidade, angústia e ferimentos físicos são muitas vezes as consequências das táticas dos protagonistas da estratégia do poder.

Usando a estratégia da negociação, ambos os conflitantes podem ganhar. O objetivo da negociação consiste em resolver o conflito com compromisso ou a solução que satisfaça ambos os envolvidos no conflito. Tudo indica que o uso da estratégia da negociação fornece geralmente uma quantidade maior de consequências positivas, ou, ao menos, poucas consequências negativas. Porque as boas negociações exigem outras habilidades que precisam ser aprendidas e praticadas. Tais habilidades incluem a habilidade de determinar a natureza do conflito, eficiência em indicar as negociações, habilidades em ouvir o ponto de vista do outro, e o uso do processo da solução do problema através da decisão do consenso.

AJUSTAMENTO

O terceiro processo de interação social que vamos analisar é o ajustamento. Este visa a eliminação ou a diminuição dos conflitos.

Ajustar-se significa adaptar-se melhor às pessoas, às atividades ou às coisas.

Quando uma pessoa está bem ajustada em um grupo, encontra-se mais unida aos outros, tem menor ou nenhuma relação de conflito. Os desentendimentos já terão sido resolvidos. Uma pessoa bem ajustada ao meio é uma pessoa que se integra bem no ambiente em que vive. O ajustamento pode ocorrer por acomodação ou assimilação.

A acomodação é uma forma aparente e superficial de ajustamento entre os que estiverem em conflito e pode acontecer de diversas maneiras.

A seguir, estudaremos cada uma das formas de acomodação: coerção, tolerância, acordo ou compromisso, conciliação.

Coerção: o rival vitorioso domina completamente seu adversário lhe impõe seus costumes, suas formas de agir. Então, coerção diz respeito a uma imposição de maneiras de agir. Um elemento impõe, o outro submete-se às imposições.

Exemplificando: os digitadores do Fórum têm estilos diferentes de digitação, o que gera conflito entre eles: cada um acha que a sua é a melhor forma, devendo esta ser utilizada pelos outros. Em meio a esta disputa, um elemento fala mais alto e vence o grupo pelo cansaço. A partir daí, todos passam a utilizar as normas dele, ou seja, acomodam-se sob coerção.

Tolerância: as partes em conflito cessam de lutar, mas não buscam qualquer forma de entendimento, apenas se toleram.

No exemplo que apresentamos, sobre os digitadores, haveria tolerância se, ao invés de submeterem-se ao colega, eles se cansassem de brigar, mas cada qual continuasse a digitar do seu jeito. Há tolerância, repetimos, quando mesmo sem aceitar a maneiro dos outros, a pessoa não tenta impor a sua própria ideia, permitindo que cada qual atue como acha melhor.

Acordo ou compromisso: é a melhor forma de acomodação; caracteriza-se pela existência de concessões de parte a parte.

Pode-se chegar a um acordo por arbitramento ou mediação.

No arbitramento, um outro elemento age como árbitro ou juiz, estabelecendo os termos do acordo. Nesse caso, as partes se comprometem a acatar a decisões do árbitro.

na mediação, um terceiro propõe um acordo, cujos termos podem ser discutidos pelos interessados.

Exemplo: dois vizinhos vivem brigando por causa dos limites de suas terras; um faz a cerca e o outro derruba levantando-a em outro ponto. Para terminar a batalha, resolvem recorrer a uma terceira e pessoa. Para a intervenção deste outro indivíduo existem duas possibilidades.

1. Ele aceita ser juiz da questão, desde que as partes se comprometam a acatar a decisões dele. Esta condição foi aceita pelos briguentos vizinhos e o juiz passa a demarcar os limites dos terrenos. A partir daí, eles assumem o compromisso de respeitar os limites traçados pelo juiz da questão – eles entraram em acordo, por meio do arbitramento.

2. O outro exemplo propõe uma forma de acordo, por exemplo, dividir ao meio a área de conflito e as partes interessadas (os dois vizinhos) discutem a proposta e chegam a um acordo por meio de mediação. A pessoa que os ajudou a resolver o problema, neste caso, é um mediador.

Conciliação: é a forma de acomodação na qual as partes em conflito, após terem descoberto que há alguns interesses e propósitos comuns, resolvem viver em paz, apesar de ainda manterem alguma hostilidade.

Vejamos, no exemplo dos dois briguentos vizinhos, como poderia ocorrer a conciliação.

Imaginemos que eles se dêem conta de que, enquanto estão derrubando a cerca ou mudando-a de um lado para o outro, as casas ficam muito vulneráveis, podendo entrar um ladrão a qualquer hora ou, ainda, que o clima de hostilidade estão atingindo toda a família e que os filhos estão nervosos, não rendem na escola, agridem-se fisicamente, etc.

A partir dessa observação, param de brigar, pois tem algum propósito em comum: não facilitar a entrada de ladrões ou não perturbar o rendimento dos filhos na escola pelo clima de hostilidade criado.

Ainda que reste alguma hostilidade entre eles, resolvem viver em paz.

Nós vimos, até aqui, que a interação social por ajustamento acontece através de acomodação ou assimilação.

A acomodação, conforme expusemos, dá-se por coerção, tolerância, acordo ou compromisso (acordo este que pode ocorrer por arbitramento ou mediação) e por conciliação.

Vamos ver, agora, a segunda forma de ajustamento: a assimilação.

A assimilação é a forma de ajustamento que modifica os modos de sentir e pensar dos adversários, levando-os a adotarem valores semelhantes.

A assimilação, portanto, requer mudança de comportamento. É um processo geralmente longo e complexo, mas de grande valor social, pois propõe uma solução para os conflitos.

Você terá, a seguir, um resumo do que acabamos de estudar sobre as formas de interação social.

Observe que são três formas fundamentais, que se subdividem:

1. Cooperação:

Entendimento ou acordo

Auxílio mútuo

Ação conjunta

Divisão de trabalho

2. Oposição:

Competição

Conflito

3. Ajustamento:

Acomodação: coerção, tolerância, acordo ou compromisso e conciliação

Assimilação

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