CONSELHOS
DE SÓCRATES PARA PLENIFICAR NOSSA EXISTÊNCIA
Na
Grécia Antiga, o grande pensador Sócrates, de forma muito simples, sem ser
simplória, costumava inquirir seus interlocutores acerca de questões complexas
e de suma importância para a condução da existência humana. Sua preocupação era
conduzir as pessoas às veredas das reflexões sobre a natureza e o sentido da
vida, objetivando contribuir para o entendimento de atributos importantes como
virtudes, vícios, bem, mal, riqueza, pobreza, etc. Tudo isso com o intuito de ajudar
na formação do homem em sua integralidade. Ao fazer uso das indagações (maiêutica),
como era sua prática, o filósofo buscava
colocar o interlocutor diante do desafio de buscar a essência daquilo que
cultuam como verdade, afim de alcançar o entendimento sobre os pressupostos que
alicerçam sua vida. Para isso ele lançou mão de uma arma poderosa que é a arte
de desenvolver perguntas pertinentes e profundas com a intenção de se atingir o
cerne das questões, por mais simples que elas pudessem parecer.
A
sociedade atual, marcada pelo imediatismo e pela superficialidade, nos impele a
retornar aos ensinamentos do velho mestre, sobretudo porque nos encontramos
diante do grande desafio de conferir um significado à nossa existência. Nesse retorno convém citar o exemplo que Sócrates
utiliza, tendo como referência a profissão do seu pai Sofronisco, o qual
exercia o ofício de escultor. Em sua analogia entre o ofício desenvolvido por seu pai e aquilo que a
existência espera de cada um de nós,
Sócrates afirma que antes mesmo de começar a trabalhar na pedra bruta, o
escultor já possui uma ideia da peça que ele irá construir. Isso se torna
possível porque a habilidade artística do escultor, associada à sua
sensibilidade, o capacita a ver o que está além da aparência bruta da matéria
em si, vislumbrando nela aquilo que ela possui como potencialidade. Da mesma
forma, cada ser humano nasce repleto de
potencialidades, sendo que sua principal função existencial é atuar de forma
reflexiva, afim de atuar no sentido de
possibilitar todas as condições para que
elas se plenifiquem.
Princípios básicos:
1- Lembrar
sempre que somos os principais responsáveis pelo projeto que criamos a respeito
de nós mesmos, sabendo que se não temos projetos bem definidos também não
saberemos que ações podem ser desenvolvidas a nosso favor. Conforme nos alerta
o filósofo romano Sêneca, “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para
onde deseja ir.”
2- Pautar
nossas ações pela busca constante da verdade e da prática virtuosa que brota da
ação reflexiva. Conforme o próprio Sócrates afirmava, “uma vida sem reflexão
não merece ser vivida.
3- Olhar
para si mesmo como alguém que está repleto de potencialidades e, como tal,
merecedor de alcançar o pleno desenvolvimento e todos os benefícios que ele
poderá nos trazer.
4- Ter
clareza de que a maioria daquilo que impede o indivíduo de alcançar o pleno
desenvolvimento está dentro dele mesmo. Daí o cuidado que precisamos ter para
não desenvolvermos ações de auto sabotagem.
5- Investir com cuidado e honestidade no
autoconhecimento, afim de descobrirmos quais são nossos pontos fortes e também
os pontos fracos, afim de podermos nos amparar em nossas virtudes e desenvolver
atitudes para neutralizar ou minimizar os efeitos destrutivos dos vícios.
6- Conscientizar-se
de que não existe nada de construtivo em construir e alimentar uma imagem
irreal acerca de nós mesmos. Conforme canta Renato Russo em uma das suas
músicas “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.
7- Lembrar-se
de que não adianta passar verniz em madeira podre. Ou seja, uma vez constatado
qualquer elemento em nós que pode nos impedir de atingirmos nossa plenitude
existencial, é necessário agir para neutralizar esse elemento. Disfarçar só
fará com que tenhamos uma aparência de normalidade sem que nenhuma ação efetiva
tenha sido tomada para resolver de fato a questão.
8- Entender
que diante dos vários desafios que a vida cotidianamente nos coloca, a mente tende
sempre escolher a melhor alternativa que possui à disposição. Daí a importância
de tornarmos a ação filosófica um hábito, com o intuito de oferecer à nossa
mente a acessibilidade e conteúdos necessários para que nossas soluções possam
ser as melhores possíveis.